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Consórcio vale a pena ou não?

O consórcio surgiu, no país, no início dos anos 1960, inicialmente oferecido pelo Banco do Brasil, O fato é que essa é uma ideia fantástica, e é o tipo de negócio que, em princípio, agrada a todos os envolvidos. O Termo jabuticaba significa que foi criado no país, além disso não existe em outro lugar no mundo.

A questão se é tão fantástico porquê não existe em outros países? Existem algumas explicações no qual veremos neste artigo. Hoje em dia, devido ao grande sucesso, existem consórcios de carros, motos, caminhões, imóveis, casas, pianos etc. No entanto, se for­mos analisar o passado recente do Brasil, os consórcios já fizeram mais sucesso.

No auge da inflação da década de 1980, pelos menos 80% dos automóveis vendidos no país eram por meio de consórcio. De acordo com aquele nosso ex-aluno e amigo duende, as montadoras adoravam os consórcios porque a carta de crédito estava vinculada ao bem e ao fornecedor do veículo.

Imagine ter uma carta de crédito vinculada a determinada concessionária e não poder barganhar o preço. Era isso ou é isso! Quer saber do pior? Caso seu vizinho viesse à concessionária com dinheiro vivo para comprar à vista, ele poderia negociar o desconto, a cor, a pintura metálica e os acessórios.

As montadoras adequavam sua produção ao número de grupos de consórcio criados por suas concessionárias. Um excelente negócio! A ideia básica do consórcio é simples: o cliente paga uma série de prestações e, no final, ele recebe o bem desejado, para estimular as vendas, criou-se o fator sorte, em que é feito um sorteio mensal de tal forma que a sorte pode bater à porta do cliente e ele receber o bem antes do final do período.

Outro recurso muito astuto foi o do lance: o cliente pode dar um lance em cada um dos meses e, quem der o maior lance em cada mês, leva o bem para casa. Por uma questão didática, não consideraremos o lance em nossa análise, pois ele pode confundir a clareza de nosso raciocínio, mesmo porque não é nosso objetivo esgotar o tema neste artigo, pois queremos apenas dar uma ideia da lógica financeira que está por trás do consórcio.

Com base em dados reais, suponhamos que você pretende comprar um carro que vale 35.870 reais, em um plano de 60 meses. A parcela é de 748,25 reais (a primeira parcela é paga depois de 30 dias de firmado o contrato). Ainda por uma questão didática, assumiremos que não existe reajuste nas parcelas, tampouco inflação.

Essa premissa é razoável, pois estamos mantendo o mesmo poder de compra, ou seja, o bem fica com o preço estagnado, assim como as parcelas. Na realidade, tanto o bem aumenta de valor como as parcelas, porque a estabilidade total de preços se assemelha à paz de cemitério: tudo lá é tranquilo e eterno!

Apesar disso, nossa premissa não perde o poder analítico. Apenas simplifica o problema, chegando a resultados próximos daquilo que é praticado no mercado. Vamos nos basear no cenário que você tenha “sorte” de adquirir o carro na metade do período e ver a simulação do valor atual do carro.

Esse exemplo pode ser entendido da seguinte forma: o cliente economiza 748,25 reais por 30 meses (começando depois de 30 dias) e, ao final desse prazo, recebe o bem de 35.870,00 reais, dando uma entrada no valor que conseguiu acumular e financiando o restante por 30 meses em parcelas mensais de 748,25 reais.

Qual é a taxa de juro que está sendo paga pelo cliente? O primeiro passo para encontrar a resposta é calcular quanto o cliente teria ao final de 30 meses, caso aplicasse no mercado, todo santo mês, o valor de 748,25 reais. Vamos supor que a taxa de juros o cliente consiga aplicar seja de 1%.

Esse valor, de 26.027,80 reais, é o montante que o cliente teria após 30 meses, aplicando os 748,25 reais todos os meses. Assim sendo, o valor a ser financiado pode ser calculado da seguinte forma: Valor financiado = Preço — Entrada Valor financiado = 35.870 — 26.027,80 Valor financiado = R$ 9.842,20 Repare que o cliente está pedindo emprestado o valor de 9.842,2 reais e não de 35.870 reais, pois já teria acumulado 26.027,80 reais.

O cliente está pagando aproximadamente 3,60% ao mês de juros. Essa taxa não é das mais amigáveis. De forma geral, podemos dizer que esse é o caso típico do consórcio para análise, pois o cliente é sorteado na metade do período. Ele tem um nível médio de sorte.

Existem outras simulações, mas tirando o caso de você ter a “sorte grande” de ser premiado logo de início, todas as outras formas você perde dinheiro. Existe a possibilidade de dar um lance para poder retirar, mas se lembre que muitas montadoras também fazem juros baixos e até zero para aqueles que dão entradas a partir de 30% do valor do automóvel.

Além disso, têm a taxa administrativa, no qual não passa de uns juros embutidos. Lembre-se se você parar de pagar, muitos consórcios só devolvem o dinheiro (uma parte dele) no final. O consórcio, aparentemente, atrai muitas pessoas honestas porque consegue impor uma disciplina ao poupador.

Diante da obrigação de uma prestação, a pessoa se impõe sacrifícios que antes não faria. Nesse caso, o consórcio faz o trabalho. A questão é saber se o preço desse trabalho é válido ou não. Outro ponto a ser notado é o caso daquele que tem sempre a sorte a seu favor, por natureza.

Mas para esse podemos indicar com segurança um investimento potencialmente muito melhor: a loteria esportiva ou a MegaSena: os prêmios pela sorte são substancialmente maiores. Por fim, fica a critério do leitor fazer o julgamento de sua sorte e de sua disciplina.

As cartas estão na mesa e esperamos ter fornecido as ferramentas necessárias para o julgamento. “Façam suas apostas!”   Anderson Bortolotto Professor e Consultor Financeiro

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